Todos os dias, os mesmos gestos. Todos os dias, o mesmo sabor. Todos os dias, sempre os mesmos dias. Um dejávu constante de um dia que teimava em começar e terminar sempre da mesma forma. Ainda se lembra de como tudo era diferente, antes de tudo. Faria hoje 30 anos.
A sua doce personalidade rapidamente se foi transformando. Foram transformando-a. Havia noites que as passava em claro no escuro do quarto, marcado pelo tic tac do relógio antigo, também ele antiga lembrança dos pais numa das suas muitas visitas por esse mundo fora. A noite passara agora a ser a sua maior amiga, enquanto o dia era repudiado como se a queimasse viva. Há muito que o rádio deixara da funcionar. O seu gato preferido escapou na miníma hipótese que teve para ir procurar alimento noutro sítio, sem nunca mais voltar. O sabor dos momentos, antes doces, sabiam-lhe agora a amargo, quase insuportável de saborear. Também o seu sorriso se tinha desvanecido. E logo ela que todos elogiavam pelo seu sorriso tão doce e sincero. Tudo se foi tornando cinzento. Triste. Sem vida. Deixou o trabalho. Deixou a familia. Deixou o amor da sua vida. Faria hoje 30 anos.
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