quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Amazing Grace


Amazing Grace, how sweet the sound,
That saved a wretch like me.
I once was lost but now am found,
Was blind, but now I see.


T'was Grace that taught my heart to fear.
And Grace, my fears relieved.
How precious did that Grace appear
The hour I first believed.


Through many dangers, toils and snares
I have already come;
'Tis Grace that brought me safe thus far
and Grace will lead me home.


The Lord has promised good to me.
His word my hope secures.
He will my shield and portion be,
As long as life endures.


Yea, when this flesh and heart shall fail,
And mortal life shall cease,
I shall possess within the veil,
A life of joy and peace.

When we've been here ten thousand years
Bright shining as the sun.
We've no less days to sing God's praise
Than when we've first begun.

[John Newton]

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O que eu gostava...

...
era de poder falar na tua boca
para que as tuas palavras fossem minhas
e pudesse permanecer silencioso ao teu lado.

[Pedro paixão]

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Afinal o que importa é não ter medo. Fechar os olhos frente ao precipicio e cair verticalmente.

O vento sopra os meus cabelos com urgência como se os quisesse arrancar. O vestido branco que uso, cobre-me os pés descalços e esvoassa como se a qualquer momento fosse levantar voo. Não sei há quanto tempo aqui estou, nem sei mesmo como aqui cheguei. Quando tento recordar-me dos meus passos, apenas vejo uma névoa branca que me cega, que me enche de um vazio que me suga a alma, que me faz sentir perdida num mundo que não reconheço. Apenas me lembro de aqui estar, agora, no momento presente, como se não tivesse tido um passado. Ali, eu era apenas um corpo solitário, vazio, perdido, ausente de tudo e de todos.

A distância de um passo, é o que me separa do precípicio. Com os meus pés descalços sobre o parapeito do telhado, sinto o vento soprar cada vez com mais força, tornando a distância do precipicio cada vez menor pela instabilidade que ele provoca no meu corpo fraco. Sinto-me leve. Sinto como se o meu corpo pudesse levitar, como se eu tivesse asas e pudesse voar. O meu pé direito move-se lentamente sem que eu dê pelo seu movimento.

A liberdade que a inexistência de um passado me dá, faz-me não temer nada, nem mesmo de deixar o meu corpo cair no precicipio, mesmo debaixo dos meus pés. Naquele momento, acreditava que a minha queda seria silenciosa, sem o mínimo múrmuro ou pequeno som que fosse. Afinal de contas quando não se tem nada, o medo da perda torna-se absurdo.


Fecho os olhos devagar e saboreio agora a sensação do vento a beijar a minha cara, de um forma tão intensa como se nunca o tivesse sentido antes. Não me lembro se alguma vez o senti antes. Não me lembro de nada. É como se tivessem roubado de mim todas as memórias que tinha guardadas, num espaço qualquer do meu cérebro, como se tivessem apagado todo e qualquer sentimento que possa alguma vez ter sentido. Tenho em mim agora um vazio, que se apodera do meu corpo e da minha alma.

O tempo nesse instante parou. Não sentia o tempo passar. Não só eu, mas também o mundo parecia vazio de sentimento, de memórias, de pessoas, também ele solitário. Até que o dia começa a nascer. A luz vai crescendo, a pouco e pouco, de intensidade. O nascer do sol ilumina a cidade e desperta a vida no mais pequeno ser vivo. Tudo parece agora diferente á minha volta, já não estou só, já não me sinto só. Tento decifrar os sons á minha volta que vão crescendo de intensidade, á medida que a luz do dia revela a paisagem á minha frente. Ouve-se agora cada vez com maior nitidez o chilrear dos pássaros, o som do vento a bater nos ramos das árvores altas, o som do rio a seguir o seu curso, o barulho dos carros, as vozes das pessoas, os gritos das crianças...abro os olhos de repente, quero ver, quero sentir tudo intensamente, preciso sentir. Olho tudo como se fosse a primeira vez.

Recuo um passo.


Continua...

[Sophie]

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Acordo de repente...

Acordo de repente com a tua imagem a pairar nos meus sonhos. Num gesto rápido, enquanto tento abrir os olhos adormecidos pelo sono, olho em redor e apercebo-me de que estou só. Olho para o teu lado da cama e não te encontro. Passo a minha mão pelos lençóis, talvez na esperança de ainda sentir o teu calor, mas apenas sinto o frio gélido da tua ausência. Caio na cama como se o meu corpo enfraquecesse. Respiro fundo, dou meia volta na cama e olho para a janela. O dia ainda não nasceu.
No quarto existe apenas uma cama e uma janela, de onde saem tímidos raios de luz dos candeeiros que iluminam as ruas e que se reflectem na cama e no branco das paredes e do tecto. Há um silêncio ensurdecedor, silêncio apenas interrompido pelo som dos grilos lá fora. Fixo agora um ponto qualquer no tecto e fico em silêncio. Não sei quanto tempo fiquei ali, sozinha, no escuro do quarto, em silêncio, mas pareceu uma eternidade. Ali sozinha, naquele espaço, sinto-me pequena, tudo assume uma outra dimensão, uma dimensão gigantesca. Esfrego os olhos com toda a minha força, como se quisesse acordar de um pesadelo. Quero acordar desta saudade. Tenho vontade de gritar, como disse Peixoto: “entre mim e o meu silêncio há gritos de cores estrondosas”. Era assim que me sentia.

Fecho os olhos e tento adormecer, mas é inútil. Decido ouvir música para me alienar destes pensamentos e da saudade, mas tudo me faz lembrar de ti. Não sinto sono mas quero adormecer, para também adormecer a minha saudade de ti.

Faz hoje sete dias e algumas horas que partiste e faz hoje sete dias e algumas horas que te olhei pela última vez. Lembro-me de cada pormenor teu, do teu riso, de quando cantas pela casa em jeito de brincadeira, da forma como me olhas, da forma do teu corpo, do sabor dos teus beijos, do teu cheiro...sabes, o meu abraço ainda tem a forma do teu corpo.
As lembranças que tenho de ti são das mais brilhantes que alguma vez guardei, tão brilhantes como as estrelas que vimos naquela noite. Lembras-te? Lembras-te do nosso pedido de desejo enquanto olhávamos para a estrela cadente que irrompia pelo céu? Nunca tinha visto um céu tão estrelado. São tantas as memórias, tantos os momentos, mas ás vezes só queria largá-los por instantes, para me esquecer do coração apertado durante semanas, na ausência da outra metade que existe longe, na tua ausência.
Esta noite, queria telefonar-te para ouvir a tua voz, ou viajar até á tua cidade, que também já é a minha cidade, para te reencontrar e percorrer três horas de distância apenas para te abraçar.
[Sophie]

sábado, 20 de setembro de 2008

Meu amor, o tempo somos nós.

"O tempo não sabe nada. O tempo não tem razão. O tempo nunca existiu, o tempo é nossa invenção. Se abandonarmos as horas, não nos sentimos sós.
Meu amor, o tempo somos nós."

*
[Jorge Palma] - Eternamente tu

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Não olhei para trás!

Não tive a noção do tempo a passar, porque entre o momento em que o olhei pela última vez até chegar a casa, não estive plenamente consciente, sentia-me adormecida. O aperto que sentia no peito não se comparava com nada que alguma vez tivesse sentido, sentia um vazio, o vazio de quando estás só, onde a dor é tão funda que não consegues impedir que as lágrimas te escorram e inundem o rosto. O nó que sentia no peito deixava-me sem ar, sentia as pernas pesadas, e tornava-se dificil colocar um pé á frente do outro e seguir o meu caminho. Não me recordo de como cheguei até ao carro, apenas me recordo da última vez que o olhei olhos nos olhos, do último beijo, de como as nossas mãos entrelaçadas uma na outro se iam descolando pouco a pouco, enquanto cada um de nós se ia movendo em direcções opostas.

Não olhei para trás.

Durante os minutos que durou a viagem de regresso a casa, a minha vida estagnou. Tudo á minha volta parecia ter parado. Eu não reagia a nada, nem aos sons ou imagens à minha volta. Sentia uma tristesa violenta nas mãos, nos joelhos no peito, na cabeça, nos lábios, nos olhos. Fixei o meu olhar num ponto qualquer enquanto as lágrimas corriam pela cara. Liguei o rádio do carro.

Fechei os olhos!


Dedicado a ti, Daniel ^^

[Sophie]

O vazio

A melancolia pode às vezes ser isto, um modo de sobreviver ao vazio, o comovido jeito de pôr a mão sobre o mármore da mesa e pedir outro martini fresco se faz favor.
[Manuel de Freitas]

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Introdução

Odiava pessoas.

Era assim que definia o mais profundo dos seus sentimentos, todos eles movidos pela inveja. Odiava pessoas pequenas, gordas, feias ou estúpidas, mas sentia fascínio por mulheres. As mulheres ainda eram para ele um grande mistério. Fascinavam-no. Despertavam qualquer coisa que nem ele próprio conseguia decifrar. A beleza não a conseguia encontrar com a facilidade que as pessoas ditas normais a encontram, aquilo que procura num primeiro olhar sobre cada mulher, são defeitos.

Toda a sua vida viveu isolado, solitário.

Vivia num casarão, num monte, algures no Alentejo. Em redor apenas se viam o monte e o céu, de onde todas as noites de verão se conseguia ver perfeitamente as constelações. O casarão encontrava-se praticamente vazio, com as paredes escuras, sujas e pouco iluminadas, onde qualquer estranho se perderia facilmente na sua imensidão. Apenas uma divisão da casa parecia ser usada pela presença de uma mesa mal iluminada por um candeeiro já velho, onde estava pousado um computador também ele já velho. Esse era o objecto que o ligava ao mundo, que o fazia sentir parte do mundo, que o fazia sentir alguém, um mundo que somente imaginava, uma vez que apenas conhecia a casa onde vivia, sendo a sua única verdadeira companheira, uma coruja que todas as noites aparecia junto da árvore que, em dias de sol intenso tipico do Alentejo, lhe fazia sombra á casa.

A aldeia mais proxima ficava a 79 quilómetros. Uma vez por mês aventurava-se a sair de casa em pleno dia para se abastecer dos bens de primeira necessidade, sendo essa a única ocasião em que deixava os raios de sol tocar a sua pele.

Preferia a noite e os seus mistérios.

Continua.

[Sophie]

quinta-feira, 31 de julho de 2008

There's a limit to your love...



Clouds part just to give us a lesson
*
There's a limit to your love
Like a waterfall in slow motion
Like a map with no ocean
There's a limit to your love
Your love, your love, your love
*
There's a limit to your care
So carelessly there
You that drove them down
It's a limit to your care
*
I love, I love, I love
This drink on my stream
I love, I love, I love
The trouble that you give me
I know i know i know
That only I can save me
I'll go i'll go i'll go
Lie down alone
*
There's a limit to your love
Like a waterfall in slow motion
Like a map with no ocean
There's a limit to your love
Your love, your love, your love
*
You can't really smile
It should be written on your face
I'm piecing it together
There's something out of place
*
I love, I love, I love
This drink on my stream
I love, I love, I love
The trouble that you give me
I know, I know, I know
That only I can save me
I'll go i'll go i'll go
Out of love
*
Because there is no limit
There's no limit no limit no limit, to my love
[Feist] - The limit to your love

quarta-feira, 30 de julho de 2008

A sorta fairytale with you

[Tori Amos] - A sorta fairytale

terça-feira, 29 de julho de 2008

De tanto bater...o meu coração parou


" Fico admirado quando alguém, por acaso e quase sempre sem motivo, me diz que não sabe o que é o amor. eu sei exactamente o que é o amor.
o amor é saber que existe uma parte de nós que deixou de nos pertencer.
o amor é saber que vamos perdoar tudo a essa parte de nós que não é nossa.
o amor é sermos fracos.
o amor é ter medo e querer morrer. "
[José Luís Peixoto] - A criança em ruínas

Follow me down to the valley below...

[Porcupine Tree] - Lazarus

segunda-feira, 28 de julho de 2008

"Last night I dreamt that somebody loved me. No hope, no harm, just another false alarm."

Sonhos. os sonhos não passam disso mesmo, de sonhos. apenas sonhos. fragmentos de sonhos. como os sonhos desconexos e sem sentido das noites agitadas. vivemos num constante sonho. num sonho em que podemos acreditar nas pessoas, nas suas intenções, nas suas promessas. sonhamos. vamos sonhando. continuaremos a sonhar até ao dia, em que sem sabermos de onde vem, começamos a sentir um desconforto. sentimos dor que não identificamos. pensamos não passar de apenas um sonho mau, do qual rapidamente iremos acordar. que tudo irá ficar bem. mas não acordamos. e queremos acordar, porque a dor é tão intensa. queremos pedir ajuda. queremos que nos abanem. que nos acordem rápido. que a dor passe. que mais uma vez a dor passe. mas não conseguimos. não conseguimos. não conseguimos. deixamos de conseguir reagir, começamos a desistir de acordar do sonho. sentimo-nos fracos, desorientados, sentimo-nos traidos. pequenos. roubaram-nos. roubaram-nos os sonhos, a inocência. a capacidade de acreditar. a pouco e pouco vamos perdendo a capacidade de acreditar. de confiar. as pessoas deixam de se parecer com pessoas. surgem aos nossos olhos como coisas estranhas que não conseguimos identificar. quando para elas olhamos, só vemos mentira, desonestidade, falsidade, ausência de valores. enchemo-nos de duvidas, de incertezas, de medos. o que resta são apenas fragmentos de momentos. dos pequenos momentos. os pequenos momentos que nos sabem como momentos gigantes. aqueles momentos. tal como as promessas. as promessas que não conseguimos guardar para nós. que gritamos. que gritamos a sentir todo um turbilhão de sensações. gritamos gosto de ti. gritamos amo-te. gritamos és tudo para mim. gritamos nunca te vou deixar. gritamos és tu o tal. tantas promessas. promessas. apenas promessas. promessas que se quebram. talvez devessemos pensar antes de gritarmos o que quer que fosse. pensar antes de arrancarmos a inocência. pensar antes de magoarmos quem não merece ser magoado.
[Sophie]