quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Todos os dias, os mesmos gestos. Todos os dias, o mesmo sabor. Todos os dias, sempre os mesmos dias. Um dejávu constante de um dia que teimava em começar e terminar sempre da mesma forma. Ainda se lembra de como tudo era diferente, antes de tudo. Faria hoje 30 anos.

A sua doce personalidade rapidamente se foi transformando. Foram transformando-a. Havia noites que as passava em claro no escuro do quarto, marcado pelo tic tac do relógio antigo, também ele antiga lembrança dos pais numa das suas muitas visitas por esse mundo fora. A noite passara agora a ser a sua maior amiga, enquanto o dia era repudiado como se a queimasse viva. Há muito que o rádio deixara da funcionar. O seu gato preferido escapou na miníma hipótese que teve para ir procurar alimento noutro sítio, sem nunca mais voltar. O sabor dos momentos, antes doces, sabiam-lhe agora a amargo, quase insuportável de saborear. Também o seu sorriso se tinha desvanecido. E logo ela que todos elogiavam pelo seu sorriso tão doce e sincero. Tudo se foi tornando cinzento. Triste. Sem vida. Deixou o trabalho. Deixou a familia. Deixou o amor da sua vida. Faria hoje 30 anos.

domingo, 25 de julho de 2010

Dizer adeus.

Quando tudo se parece desmoronar. Quando te sentes sem chão onde pisar. Quando o que te apetece fazer é ir, sem saber para onde, mas ir para nunca mais voltar. Oposto da felicidade que sentes quando tens aquela pessoa do teu lado. Quando o riso te sai tão facilmente por te sentires simplesmente feliz.

Dois momentos opostos. Ganha o adeus.

Já não há mais nada para dizer, porque por mais que digas, por mais que o digas do fundo do teu ser, com toda a sinceridade, sem mentiras, sem ocultar o que quer que seja, as tuas palavras para os outros, aqueles, caem no vazio e acusam-te de desonestidade.

Não queres dizer adeus. Mas só podes dizer adeus. E levas contigo, nos teus gestos, na tua forma de rir, nos teus gostos, no teu coração...o amor da tua vida. O único amor da tua vida. A luz da tua vida. Aquele que te faz ter sonhos.

Esperas que te acordem bruscamente deste mau sonho, para te poderem acordar novamente de um outro sonho, até acordares para a realidade, ou não.


Amo-te. Amo-te para sempre.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Autobiografia

"Acordar de noite. Não sentir a dor. Ficar quieto. À espera da dor. Respirar devagar. Abrir os olhos. Primeiro um, depois o outro. Fechar os olhos devagar. À espera da dor. Tu a chegares e depois a partires, a ires e a vires, a nunca ficares. Acordar de noite. A meio da noite. Ninguém do teu lado. Um braço, uma cabeça, um colo. Sem te mexeres. Não vale a pena. Ninguém a teu lado. Um braço, um sopro, um gesto. Ficar quieto. Não vale a pena mexer o teu corpo, como se ainda fosse o teu. Ali a meio da noite. À espera da dor. Enquanto não vem, a pensar que não vem, que não há-de vir, melhor assim. Que vens e vais e nunca chegas para ficar, nem a partir. Não vale a pena esperar. Pelo menos esta noite a dor não vem. Sorrir. Abrir os olhos devagar. Primeiro um, depois o outro. Continuar a sorrir. Até a luz chegar. Até chegar. Continuar a sorrir. Até voltar a doer."

Pedro Paixão

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Romeo and Juliet


[The Killers (Dire Straits cover)]

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A Carta - Introdução

A carta foi encontrada cuidadosamente escondida num caderno já envelhecido pelo tempo, esquecida no meio de lembranças num pequeno baú, a um canto do quarto. Tão misteriosa era a sua vida como todos os objectos que possuira e poucos eram aqueles que tinham tido a ousadia de mexer no que quer que fosse. Passados anos, ainda tudo permanecia no seu devido lugar, onde ainda se conseguia sentir o cheiro do seu perfume, que parecia agora entranhado nas paredes brancas, na roupa da cama, nos vestidos longos que usava alinhados por cores no armário. Apenas uma pessoa da aldeia tinha acesso á casa que outrora fora dela, uma vez que nunca se soubera nada da sua família, nem nunca ninguém havia reclamado o seu desaparecimento.

Chamava-se Maria e dizem que morreu de amor.


Continua...


[Sophie]