"Acordar de noite. Não sentir a dor. Ficar quieto. À espera da dor. Respirar devagar. Abrir os olhos. Primeiro um, depois o outro. Fechar os olhos devagar. À espera da dor. Tu a chegares e depois a partires, a ires e a vires, a nunca ficares. Acordar de noite. A meio da noite. Ninguém do teu lado. Um braço, uma cabeça, um colo. Sem te mexeres. Não vale a pena. Ninguém a teu lado. Um braço, um sopro, um gesto. Ficar quieto. Não vale a pena mexer o teu corpo, como se ainda fosse o teu. Ali a meio da noite. À espera da dor. Enquanto não vem, a pensar que não vem, que não há-de vir, melhor assim. Que vens e vais e nunca chegas para ficar, nem a partir. Não vale a pena esperar. Pelo menos esta noite a dor não vem. Sorrir. Abrir os olhos devagar. Primeiro um, depois o outro. Continuar a sorrir. Até a luz chegar. Até chegar. Continuar a sorrir. Até voltar a doer."
Pedro Paixão
Algumas folhas de papel. A caneta preferida. Silêncio. Momentos. Palavras que dançam na minha cabeça e que arrisco eternizar colocando-as no papel.
terça-feira, 26 de maio de 2009
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
A Carta - Introdução
A carta foi encontrada cuidadosamente escondida num caderno já envelhecido pelo tempo, esquecida no meio de lembranças num pequeno baú, a um canto do quarto. Tão misteriosa era a sua vida como todos os objectos que possuira e poucos eram aqueles que tinham tido a ousadia de mexer no que quer que fosse. Passados anos, ainda tudo permanecia no seu devido lugar, onde ainda se conseguia sentir o cheiro do seu perfume, que parecia agora entranhado nas paredes brancas, na roupa da cama, nos vestidos longos que usava alinhados por cores no armário. Apenas uma pessoa da aldeia tinha acesso á casa que outrora fora dela, uma vez que nunca se soubera nada da sua família, nem nunca ninguém havia reclamado o seu desaparecimento.
Chamava-se Maria e dizem que morreu de amor.
Continua...
[Sophie]
Chamava-se Maria e dizem que morreu de amor.
Continua...
[Sophie]
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